MPSP diz que PCC fraudou 13 licitações de ônibus no interior de SP


12/04/2024 - Metrópoles


Investigação do MPSP afirma que grupo ligado ao PCC que atua em SP tentou entrar no sistema de ônibus de cidades do Vale do Ribeira


Foto Jéssica Bernardo / Metrópoles


São Paulo — O grupo que opera ônibus da zona sul e que, para o Ministério Público de São Paulo (MPSP), é ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), atuou para expandir o controle do transporte coletivo de outras cidades do Estado de São Paulo. Além disso, segundo o órgão, entre 2016 e 2018, fraudou ao menos 13 licitações do setor em duas cidades do Vale do Ribeira, no sul do estado.

De acordo com a denúncia apresentada à Justiça por dez promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPSP, os empresários de ônibus, ex-perueiros que atuavam na zona sul, usaram nomes de laranjas tanto para simular competições quanto para assinar contratos com as cidades de Cananeia e Iguape, que estão sob investigação.

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A empresa, a Transwolff, uma das maiores companhias do transporte da cidade e detentora do controle de algumas das principais vitrines do setor na gestão Ricardo Nunes (MDB), tem como presidente Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, e, como representantes legais, Cícero de Oliveira e Moisés Gomes Pinto, todos alvo da Operação Fim da Linha, deflagrada pelo MPSP, a Receita Federal e a polícia paulista na última terça-feira (9/4).

Ao longo das investigações, que tiveram início em 2019, os promotores obtiveram a quebra do sigilo telemático (os dados da comunicação de celulares) dos investigados.

A análise dos dados trouxe provas, segundo os promotores, que a Demark, empresa de contabilidade da Transwolff, tinha aberto outras cinco empresa de transporte de fachada, registradas em nomes de funcionários da própria Transwolff. Foram essas empresas que tentaram entrar no serviço de transporte das duas cidades do interior.

Os sócios da Demark fazem parte do rol de 19 investigados da Operação Fim da Linha ligados à Transwolff. A operação também mirou outra empresa de ônibus da capital, a UPBus, que atua na zona leste. Desde que a operação foi deflagrada, as duas empresas da capital estão sob intervenção da Prefeitura.

No caso das licitações de Guararema e Iguape, a denúncia do MPSP não traz informações sobre a eventual participação de agente público para ajudar no esquema. A denúncia, contudo, fala em “sinal inconteste de fraude em licitação”.

Além de as empresas usadas nas licitações estarem registradas em nomes de pessoas próximas ao grupo que controla a Transwolff, o MPSP rastreou notas fiscais eletrônicas emitidas pelas cinco empresas de fachada. As notas das empresas diferentes foram emitidas no mesmo computador, de acordo com a denúncia, ao citar uma das provas dessa operação.

O dinheiro que permitiu à Transwolff se capitalizar e disputar licitações na capital, dando fôlego à empresa, veio do tráfico de drogas feito pelo PCC, segundo os investigadores.

O Metrópoles não localizou advogados dos representantes da Transwolff citados na denúncia. A reportagem também não conseguiu contato com as prefeituras de Iguape e Guararema para comentar o caso. O espaço segue aberto a manifestações.


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