30/05/2017 - Portal Mobilize
São Paulo vai continuar dependendo de sua frota de 15 mil ônibus, a julgar pela opinião do secretário de Mobilidade e Transportes do município. Em evento realizado hoje (25) no Instituto de Engenharia, o secretário Sérgio Avelleda considerou remota a chance de que a cidade tenha um sistema municipal de transporte sobre trilhos.
“Considero o VLT uma boa opção para as áreas que recebam projetos de requalificação urbana, como foi o caso da região do porto, no Rio de Janeiro. Como o VLT tem a mesma capacidade de transporte de corredores de ônibus, o sistema somente deveria ser implantado em locais onde a renovação urbana justifique o investimento”, declarou o secretário ao responder a uma questão levantada por um dos participantes do debate. "E não faz sentido trocar um corredor de ônibus por um VLT, salvo pelos ganhos de qualidade urbana que o sistema proporcionaria”, completou Avelleda.
O secretário participava da primeira parte do encontro “Mobilidade na Cidade de São Paulo”, que discutiu alternativas para a melhoria da circulação de passageiros na Região Metropolitana da capital paulista. O encontro foi coordenado pelo engenheiro e arquiteto Ivan Metran Whately, diretor do Instituto, e contou com a participação de Flamínio Fichmann, de Ailton Brasiliense (ANTP), do presidente da CET, João Octaviano Machado Neto, e dos consultores Thadeu Braz e Luiz Celio Bottura.
Ônibus e BRTs
Avelleda fez uma longa exposição sobre a organização do sistema de transportes de São Paulo, mas argumentou que a questão central reside na falta de planejamento urbano e na expansão descontrolada da cidade, o que coloca problemas insolúveis para o transporte. Tomando como exemplo a Linha Vermelha do metrô, a mais densamente utilizada, o secretário argumentou que de nada adiantaria construir uma outra linha metroviária paralela à atual se não forem oferecidos empregos e serviços urbanos nas áreas mais periféricas da cidade. “Ampliar essas linhas radiais será apenas uma forma de retroalimentar a expansão da área urbanizada e de perenizar os problemas de mobilidade", disse.
São os ônibus – a frota de São Paulo chega a quase 15 mil desses veículos – explicou Avelleda, que respondem por 60% dos passageiros transportados diariamente na cidade, mas lembrou que “os ônibus perdem tempo paralisados em meio ao tráfego dos veículos particulares”. Como solução, defendeu a expansão das vias exclusivas e corredores para ônibus e a construção de BRTs (Bus Rapid Transit) na cidade.
Plano metropolitano
O secretário defendeu também a ideia de uma replanificação dos transportes para conectar e integrar – inclusive tarifariamente - o sistema paulistano às linhas das outras cidades que formam a Região Metropolitana.
A proposta ganhou um comentário do presidente da ANTP, Aílton Brasiliense, que também considera a necessidade de um plano integrado, mas “desde que essa planificação seja coerente com as normas e leis que regulam a ocupação territorial”. Brasiliense expôs um pouco da evolução da história de São Paulo e do papel desempenhado pela pioneira companhia de transportes, a Light, na expansão da área urbanizada. “Nos anos 1920, a Light concebeu um planejamento de expansão das linhas de bondes sintonizado com o crescimento dos novos bairros. Em poucos anos, a cidade tinha 200 km de trilhos, que chegaram a mais de 350 km nos anos 1950”, lembrou.
Mas, advertiu o diretor da ANTP, “a cidade tinha cerca de 200 mil habitantes em 1920 e hoje tem 12 milhões, mais 10 milhões dos municípios vizinhos”. Destacou, ainda, o absurdo de que embora as pessoas circulem diariamente entre essas cidades, a região tenha 39 planos diretores diferentes.
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