Gianolla defende viabilidade do BRT, projeto que não saiu do papel

30/12/16 - Cruzeiro do Sul

Equipe Online - online@jcruzeiro.com.br 

Renato Gianolla esteve no comando da Urbes por 16 anos - ERICK PINHEIRO

O presidente da Urbes - Trânsito e Transportes, Renato Gianolla, que deixa o comando da empresa pública depois de 16 anos, sustenta que o futuro do transporte público em Sorocaba é priorizar o coletivo em detrimento ao transporte individual. Para ele, a modernização do atual sistema de transporte coletivo urbano, que foi implantado há mais de 20 anos, passa por uma boa oferta e qualidade de serviços, para que haja o desestímulo à utilização do transporte motorizado individual (veículo particular).

Gianolla aponta a integração do planejamento do uso do solo e do desenvolvimento da cidade com o da mobilidade urbana, sobretudo no transporte coletivo urbano. "Quem priorizar o coletivo em detrimento ao transporte individual terá grande sucesso em sua gestão", aconselha ele, que após 28 anos de atuação na área dos transportes em Sorocaba, tendo exercido várias funções durante os mandatos dos últimos quatro prefeitos, se despede da presidência da Urbes.

Para falar sobre os principais desafios do setor para a gestão do prefeito eleito José Crespo (DEM) e as perspectivas futuras do transporte coletivo urbano, Gianola recebeu a reportagem do Cruzeiro do Sul na sede da Urbes na última terça-feira. Apesar do projeto do Bus Rapid Transit (BRT) ainda não ter saído do papel e a sua implantação ter ficado para ser decidido pelo prefeito eleito, ele defende a viabilidade do sistema para melhorar o transporte coletivo na cidade. 

Segundo ele, Sorocaba comporta o BRT e o sistema permite que os cidadãos se desloquem com mais rapidez, conforto e segurança. Gianolla defende ainda que o BRT promove o aumento da mobilidade, acessibilidade, confiabilidade e redução de tempos de viagem, além da racionalização do sistema por meio da criação de serviços tronco-alimentadores, que circulam de forma segregada ao tráfego geral e com estações fechadas com cobrança na plataforma.

"O projeto do BRT começou a ser estudado no final do governo do ex-prefeito Vitor Lippi, em 2012, e foi contemplado por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, com verba total de cerca de R$ 127 milhões, e foi considerado um dos três melhores projetos adaptados do sistema em todo o Brasil", alega. De acordo com Gianolla, José Crespo terá até maio do ano que vem para decidir se irá implantar ou não o BRT na cidade. "O projeto tem verba garantida pela Caixa Econômica Federal (CEF), via Ministério das Cidades, até esse prazo. Então caberá ao novo prefeito a decisão sobre o BRT."

Já sobre o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), uma das propostas de campanha de Crespo para a área, o presidente da Urbes alega que, antes de tudo, é preciso um estudo de viabilidade para saber se há demanda. "É necessário ver se existe demanda no eixo principal. Teria de ser feito um estudo. O eixo Noroeste/Leste, onde existe a linha férrea, se ela está adaptada para isso. Atualmente ela não comporta o VLT por conta da bitola". Segundo Gianolla, também será preciso fazer um grande investimento de infraestrutura e operacional, além de um estudo de viabilidade para saber se há demanda. Ele ainda recomenda que qualquer projeto na área do transporte coletivo deve ser precedido de um estudo sobre demanda e viabilidade econômica.

Demanda do sistema tem queda de 12,78%

O presidente da Urbes, Renato Gianolla, informa que a queda na demanda do sistema de transporte coletivo público de Sorocaba, que conta com os dois terminais de ônibus (Santo Antonio e São Paulo), é de 12,78%, a pior da história e está no mesmo nível de 2001, ou seja, de 15 anos atrás. De acordo com os números apresentados por ele, em setembro de 2014 a Urbes registrou 5.411.313 milhões de passageiros por mês, contra 4.879.011 em setembro de 2015 e 4.719.792 em setembro deste ano.

Além disso, o sistema também apresentou uma redução de 9,02% no número de partidas de ônibus. Enquanto em setembro de 2015 foram 268.032 partidas, no mesmo período deste ano caíram para 243.867. Gianolla alega que a crise e a o desemprego são os principais fatores que explicam a queda na demanda. "Vale destacar que a diminuição acentuada de demanda não é exclusividade do transporte coletivo de Sorocaba e está sendo registrado em várias cidades de mesmo porte, reflexo do atual momento econômico pelo qual atravessa o País."

Segundo ele, antigamente o usuário era quem pagava toda a conta do sistema por meio da tarifa do ônibus, porém esse conceito perdeu força e foi mudado por uma lei de mobilidade urbana de 2012. "O custo do transporte coletivo não pode ser tratado como simplesmente uma questão de tarifa, mas é preciso equilibrar a conta por meio do subsídio do governo municipal", destaca Gianolla. Já para as obras viárias, como fazer viadutos, deslocar cruzamentos, entre outras, ele afirma que a saída é recorrer a financiamentos e verbas estaduais e federais, e até estrangeiras.

Apesar de algumas obras viárias previstas no Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade não terem saído do papel por falta de recursos, o presidente da Urbes disse que a empresa pública trabalhou e investiu para contribuir e avançar na mobilidade urbana em Sorocaba, por meio de projetos executados nos últimos anos, como o Integrabike (sistema de bicicletas públicas que foi ampliado em 2012, e que possui 25 estações e 200 bicicletas gratuitas disponíveis), além de mais de 126 quilômetros de ciclovias.

Gianolla destaca ainda que o Integrabike partiu de uma média mensal de janeiro a junho de 3 mil viagens por mês para 11 mil de julho a outubro deste ano. Ele considera que a rede cicloviária precisa de melhorias e ter mais conectividade. Disse ainda que a Urbes atingiu a meta de 30% de usuários do cartão social do sistema que no mesmo dia estão usando o ônibus e o Integrabike. (Ana Cláudia Martins)