SP atinge 500 km de faixas para ônibus nesta segunda

27/02/2016 - Blog Ponto de Ônibus


ADAMO BAZANI

A cidade de São Paulo alcança 500,3 quilômetros de faixas destinadas para ônibus a partir desta segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016.

A informação é da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego. Serão implantados 4,2 quilômetros de faixas em diferentes regiões da cidade. Veja mais abaixo.

Em nota, de acordo com a CET, a meta inicial era implantar 150 quilômetros faixas:

"Até 2012, a cidade possuía somente 90 km de faixas exclusivas. Seguindo a política de valorização do transporte público, a Administração vem implementando uma grande malha em todas as regiões. Num primeiro momento, a meta de implementação era de 150 km. Diante dos resultados expressivos em benefício dos usuários a programação foi ampliada e se tornou permanente.”
Na mesma nota, o secretário municipal de transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, diz que as faixas reduziram o tempo gasto nos transportes na cidade em quatro horas por semana.

"As faixas exclusivas têm tido um papel fundamental no processo de democratização do viário, seja por atender os passageiros, que tiveram uma redução de quatro horas por semana em suas viagens, seja por contribuir para organizar o fluxo do trânsito em geral, já que as faixas delimitam os espaços para os respectivos veículos”, afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.
Entretanto, vale destacar que muitas faixas de ônibus na cidade estão instaladas em locais que deveriam receber corredores de ônibus. A meta de campanha do então candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, de 150 quilômetros de corredores até o final de 2016 não avança e dificilmente será cumprida.

Para a implantação dos corredores, a administração municipal enfrenta diversos problemas como dificuldades financeiras motivadas também pela crise econômica que afetou a arrecadação local e fez o governo federal no ajuste fiscal diminuísse os repasses de verbas do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, que financia grande parte desses corredores indisponibilidades – Veja os dados do próprio Governo Federal em:http://wp.me/p18rvS-5Ui
Também são colocados como entraves a postura do TCM – Tribunal de Contas do Município, que vem barrando as licitações de corredores de ônibus desde 2013, início da administração Haddad, e problemas técnicos como erros em projetos que precisaram ser refeitos.

No início de 2016, o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, Roberto Garibe, prometeu que até o início de março devem ser entregues 33 quilômetros de corredores de ônibus, incluindo obras recentemente finalizadas.

Os corredores dentro desta estimativa são:

– Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, com 3,3 quilômetros de extensão e que custou R$ 45 milhões com recursos do PAC – Concluído

– Corredor de ônibus Inajar de Souza, zona Norte, em janeiro (concluído no início de fevereiro)

– Corredor de ônibus da M’Boi Mirim, na zona Sul, em janeiro (primeira fase)

– Binário Santo Amaro, zona Sul, em fevereiro. (em execução – deve atrasar)

Somando esses corredores, São Paulo passa ter 63,3 quilômetros em obras. Os 33 quilômetros prometidos representam menos de um terço da meta de 173,4 quilômetros apresentada no primeiro trimestre da gestão de Fernando Haddad, que contemplariam 23 corredores exclusivos para ônibus. O número é maior ainda que os 150 quilômetros prometidos na campanha eleitoral de Haddad.

Mas esta meta mudou e o prefeito agora promete que não mais 150 quilômetros de corredores sejam entregues, mas que 150 quilômetros de corredores de ônibus estejam em obras.

EFICIÊNCIA NAS FAIXAS:

Mesmo não sendo o tipo de espaço que proporciona o aumento de desempenho aos ônibus que seria possibilitado em corredores, por causa de mais interferências como cruzamentos, conversões à direita, entradas e saídas de carros em garagens e a presença de táxis permitida desde setembro de 2014, quando a então candidata à reeleição presidencial, Dilma Rousseff, se reuniu com lideranças de taxistas em São Paulo, as faixas de ônibus são uma forma de dar preferência ao transporte coletivo.
Dados da CET e de órgãos independentes mostram ganhos para os passageiros.

De acordo com levantamento do Observatório de Indicadores da Cidade de São Paulo de 2015, após a implantação de faixas de ônibus, as viagens se tornaram mais rápidas. No horário de pico da manhã, na direção bairro-centro, o tempo dos trajetos dos ônibus diminuiu de 66 minutos em 2012 para 61 em 2014. No pico da tarde, na direção centro-bairro, passou de 69 minutos para 64 minutos.

Já um estudo de 2014 feito pela CET- Companhia de Engenharia de Tráfego em 59,3  quilômetros de faixas indicou aumento de velocidade média dos ônibus de 12,4 quilômetros por hora para 20,8 quilômetros por hora. Ainda segundo a CET, o maior ganho foi na faixa da ponte do Jaguaré, na região Oeste, com aumento de 317,3% na velocidade, passando de 10,8 quilômetros por hora para 44,9 quilômetros por hora. Na rua Voluntários da Pátria, o aumento de velocidade foi de 269%. As faixas exclusivas melhoraram a velocidade dos ônibus em 140%, de 12,1 quilômetros por hora para 29,3 quilômetros por hora na avenida Lins de Vasconcelos, na região sul. Na rua Faustolo, o crescimento na velocidade foi de 50,7%,  e na rua Voluntários da Pátria, os ônibus ficaram 15% mais rápidos, ainda segundo este estudo da CET.

FAIXAS DE ÔNIBUS E MEIO AMBIENTE:

A lógica é simples. Se os ônibus conseguem desenvolver maior velocidade nas faixas, logo o desempenho operacional será melhor, o que reflete no consumo de combustível e na emissão de poluentes.
É o que atesta um estudo desenvolvido pelo  IEMA – Instituto de Energia e Meio Ambiente, órgão que reúne especialistas do mundo acadêmico, independentes do poder público.

Segundo um comparativo feito pelo órgão e concluído em outubro de 2014, em 37 linhas de ônibus que passam pelo Corredor Norte Sul, na capital paulista, a redução do consumo de óleo diesel foi de 756 litros por dia por causa da implantação da faixa para o transporte coletivo no local. Essa redução de consumo de óleo diesel significa, ainda de acordo com o instituto, que por dia os ônibus deixam de emitir nestas 37 linhas municipais aproximadamente 1,9 tonelada de gás carbônico.

O período de comparação foi entre setembro de 2012, quando não havia ainda a faixa, e setembro de 2013, já com o espaço para o transporte coletivo.

O IEMA levou em consideração para os cálculos o perfil de cada motorização de ônibus diesel, desde os mais antigos e poluentes até os de atual tecnologia Euro V, que geram menos poluição.


RESISTÊNCIAS E "FALTA DE CRITÉRIO”:

A aprovação das faixas de ônibus é em torno de 90% de acordo com a mais recente pesquisa de satisfação dos paulistanos do IBOPE/Fecomércio/Rede Nova São Paulo, apresentada no início de 2016.
Já uma pesquisa do Datafolha no final do ano passado revela aprovação de 88% entre os entrevistados.

Realmente é bastante alto, mas as faixas de ônibus também levantam polêmicas. Uma delas é em relação ao número de multas, que cresceu pelo fato de haver invasões aos espaços destinados para o transporte público. No entanto a maioria, destas vias é bem sinalizada e as faixas de ônibus hoje não são novidades na cidade de São Paulo, assim, o motorista de carro individual ou motociclista já podem conduzir com maior atenção para identificar se em um local há ou não faixa para ônibus.

Outra crítica é em relação a determinadas faixas que, segundo alguns moradores e comerciantes, são instaladas com "pouco planejamento, prejudicando o acesso dos veículos às casas e estabelecimentos comerciais”.

A polêmica mais recente envolve a faixa de 3,8 quilômetros criada na região da Avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, zona sul da capital paulista, área nobre de São Paulo.

Moradores e comerciantes organizaram um abaixo-assinado para que a faixa fosse retirada.

A prefeitura disse que o trajeto reduz o tempo de viagem de 146 mil passageiros por dia.

Outro aspecto que envolve as discussões sobre as faixas de ônibus na cidade de São Paulo é o excesso regras, que variam entre uma região e outra. Não há horários padronizados entre as faixas e nem dias de operação:  algumas faixas funcionam o dia inteiro, outras somente nos horários de pico, algumas só em determinados sentidos da via, outras têm operação somente nos dias úteis, enquanto que algumas também estão ativas aos sábados.

De acordo com a prefeitura, é impossível haver uma padronização pelo fato de cada região ter características diferentes.

OS NOVOS ESPAÇOS:
Os espaços que vão fazer com que a cidade de São Paulo supere os 500 quilômetros de faixas de ônibus nesta segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, são os seguintes:

RUA CAIO PRADO – entre Rua Augusta e Rua da Consolação – sentido Centro – de segunda à sexta-feira, das 6h00 às 20h00 – 300 metros

AVENIDA DOS TRÊS PODERES – entre Avenida Professor Francisco Morato e Avenida Eliseu de Almeida sentido Eliseu de Almeida – de segunda à sexta-feira, das 6h00 às 20h00, e sábados das 6h00 às 14h00  – 400 metros

RUA LEAIS PAULISTANOS – entre Avenida Dom Pedro I e Rua Agostinho Gomes – sentido Bairro – de segunda à sexta-feira, das 17h00 às 20h00 –  1 quilômetro.

RUA AGOSTINHO GOMES – entre Rua Leais Paulistanos e Rua Xavier Curado – sentido Bairro – de segunda à sexta-feira, das 17h00 às 20h00 –  800 metros.

RUA XAVIER CURADO – entre Rua Agostinho Gomes e Rua Silva Bueno – sentido Bairro – de segunda à sexta-feira, das 17h00 às 20h00 – 400 metros.

RUA JOSÉ CHIMENTI – entre Rua Silva Bueno e Avenida do Estado – sentido Bairro – de segunda à sexta-feira, das 17h00 às 20h00 – 200 metros.

RUA SÃO PEDRO FOURIER – entre Avenida Giovanni Gronchi e Rua Marechal Hastimphilo de Moura – sentido Centro –  De segunda à sexta-feira, das 6h00 às 9h00 e das 17h00 às 20h00 – 400 metros.

RUA MARECHAL HASTIMPHILO DE MOURA – entre a Rua São Pedro Fourier e a 70 metros antes da Rua Domingos Lopes da Silva – De segunda à sexta-feira, das 6h00 às 9h00 e das 17h00 às 20h00 – 200 metros.

AVENIDA VITOR MANZINI – entre Rua Vicentina Gomes e Rua Cristalino Rolim de Freitas – sentido Centro – Horário Integral. – 200 metros

PONTE SANTO DIAS DA SILVA/PONTE DO SOCORRO – entre a Av. Atlântica e a Rua Cristalino Rolim de Freitas – sentido Bairro – Horário Integral – 300 metros.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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