26/12/2014 - O Estado de SP
LUIZ FERNANDO TOLEDO - O ESTADO DE S. PAULO
Congelada há 4 anos, tarifa subirá em 6 de janeiro; bilhete único mensal, semanal e diário não serão reajustados e integração vai para R$ 5,45. Alckmin anunciou aumento do trem e do metrô, mas não falou em valores
Ônibus, metrô e trem ficarão mais caros em São Paulo no começo do próximo ano. A gestão Fernando Haddad (PT) anunciou nesta sexta-feira, 26, a nova tarifa da capital, de R$ 3,50, a partir do dia 6 de janeiro. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) também admitiu que haverá reajuste no transporte sobre trilhos, mas não informou valores. O aumento da tarifa será de 16,67% sobre os atuais R$ 3.
De acordo com a Prefeitura, a integração dos ônibus com metrô e trem custará R$ 5,45, ante os R$ 4,65 atuais. O aumento valerá para usuários do bilhete único comum e para quem pagar a tarifa com dinheiro na catraca do coletivo.
O reajuste não será aplicado para usuários de bilhete único mensal, semanal ou diário, que hoje custam R$ 140, R$ 38 e R$ 10. "Outra inovação é a manutenção das tarifas do bilhete único mensal, induzindo o empregador a adquiri-lo para seus funcionários", disse Haddad, em sua conta em uma rede social. A Prefeitura vai isentar estudantes de pagar ônibus.
Gabriela Bilo/Estadão
Quem pagar passagem com dinheiro gastará R$ 3,50
No fim da tarde desta sexta, a Prefeitura fez o anúncio do reajuste e informou que o governo estadual "se compromete a aplicar os mesmos reajustes nos trens do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), além de manter a mesma tarifa nos bilhetes únicos temporais de integração". Alckmin, no entanto, pela manhã, afirmou que o reajuste era "natural" e a mudança possivelmente seria feita em parceria com a Prefeitura.
Após a medida, as prefeituras do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que é composto por sete cidades, também deverão aderir à tarifa de R$ 3,50. Em todas as cidades, a única que deve ter o valor mais baixo é Rio Grande da Serra, que antes cobrava R$ 2,90 do passageiro.
O último reajuste é de janeiro de 2011, e a inflação acumulada no período é de 23,2% - o valor atualizado seria de R$ 3,70. Em junho do ano passado, Haddad e Alckmin subiram as tarifas para R$ 3,20, mas revogaram o reajuste após uma série de manifestações do Movimento Passe Livre (MPL).
Negociações. Haddad e prefeitos do PT se reuniram em almoço na Prefeitura da capital e debateram custos de transporte, entre outras pautas, no mês passado. Como o Estado antecipou, o valor estudado ficava entre R$ 3,40 e R$ 3,50. Haddad não deu mais detalhes na ocasião e afirmou que qualquer decisão só seria tomada após o resultado da auditoria externa que estava em curso nos transportes, finalizada neste mês.
Na semana passada, Alckmin e Haddad chegaram a se reunir, mas negaram que o tema do aumento da passagem tivesse sido discutido. Alegaram que o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, nem esteve no local.
Protestos. O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior, afirmou que a entidade buscará diálogo com outros sindicatos, além do MPL, para promover protestos contra o reajuste. "Vamos chamar uma reunião no fim do ano para lutar contra esse 'pacote de maldades' do
Alckmin e também do Haddad."
Para Prazeres Júnior, há motivos "de sobra" para que a população repita as manifestações de 2013. "Nosso papel é mobilizar." A reportagem não conseguiu contato com membros do MPL até as 19h30.
O congelamento da tarifa implicou aumento dos subsídios. Neste ano, Haddad vai desembolsar R$ 1,7 bilhão e mais R$ 1,4 bilhão está previsto para 2015. Na capital, são 14 mil ônibus e 6 mil vans.
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