Após anunciar R$ 8 bi, Dilma diz que SP representa o maior desafio para mobilidade

31/07/2013 - Folha.com / Estadão

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Dilma ajudará Haddad em 127 km de corredores - O Estado de SP

Prefeito Fernando Haddad e a presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de anúncio do PAC Mobilidade Urbana em São Paulo

Em sua primeira visita a São Paulo após os protestos de junho, a presidente Dilma Rousseff (PT) enalteceu ações do governo federal na área de mobilidade urbana e criticou indiretamente o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao dizer que a capital paulista é "a maior cidade do mundo com o menor sistema de transporte metroviário do mundo".

Dilma falou nesta quarta-feira (31) ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT). Ela veio à cidade anunciar a destinação de cerca de R$ 8 bilhões em recursos, dos quais R$ 3 bilhões para corredores de ônibus na capital. Segundo a petista, seria o maior volume de dinheiro federal já destinado, de uma só vez, à prefeitura.

A gestão do metrô, cuja necessidade de expansão foi explicitada por Dilma, é responsabilidade do governo estadual, nas mãos do PSDB há 20 anos. "Uma das teorias divulgadas no Brasil é que o país não tinha nível de renda suficiente para comportar metrô. Ora, como é possível uma cidade do tamanho de São Paulo sem transporte metroviário? Sem que o transporte possa ter uma velocidade que recorte a cidade em toda a sua expansão?", questionou a presidente.

"Essa teoria é responsável pelo fato de sermos talvez a maior cidade do mundo com o menor sistema de transporte metroviário do mundo. Isso é uma questão muito séria e nós temos de encará-la e enfrentar esse desafio com todas as armas que temos. Com as parcerias que fazemos com o governo do Estado para acelerar as obras do metrô".

Convidado para o evento, o governador Geraldo Alckmin não compareceu pois já tinha compromisso. Enviou como representante o secretário de Planejamento, Julio Semeghini. A visita de Dilma estava prevista para ontem, mas foi adiada porque a presidente estava doente.

Dilma disse ainda que seu governo já ajuda as obras de ampliação do metrô contribuindo com recursos para as linhas Verde e Lilás, e na CPTM, na modernização de equipamentos da linha Diamante, por exemplo.

INVESTIMENTOS EM SP

Durante o evento em São Paulo, Dilma Rousseff disse que o governo federal destinará R$ 3,1 bilhões para mobilidade urbana, incluindo corredores e terminais de ônibus.

A presidente também garantiu o investimento de R$ 1,6 bilhão para obras contra enchentes, como no córrego Tremembé e no riacho do Ipiranga, além da criação de um parque linear em Perus e obras de drenagem no Vale do Anhangabaú.

As represas Billings e Guarapiranga serão beneficiadas com R$ 3,3 bilhões. Serão construídas na cidade 20 mil unidades habitacionais, que custarão R$ 1,5 bilhão ao governo federal.

TARIFA

A presidente ainda fez questão de dizer que o governo federal agiu para minimizar o aumento das tarifas de ônibus, desonerando a folha de pagamento e o PIS/Cofins das empresas do setor. Foi o aumento no preço das passagens de ônibus que fez com que os protestos estourassem em São Paulo e outras centenas de cidades pelo país em junho.

Numa espécie de resposta velada aos protestos, a petista disse que mobilidade urbana é prioridade de sua gestão porque "garantir transporte público rápido, seguro e de qualidade também é um eixo de redução da desigualdade".

Em contraposição à fala da presidente, o prefeito Fernando Haddad elogiou ações conjuntas que vem firmado com Alckmin desde o início de sua gestão e chamou o governador tucano de "parceiro da cidade de São Paulo". Ele discursou antes de Dilma.

Durante sua fala, a presidente cometeu uma pequena gafe. Ela chamou o bairro do Campo Limpo, na zona sul, de "Capão Limpo", numa confusão com Capão Redondo, que fica na mesma região.

Dilma anuncia R$ 8,1 bilhões do PAC para São Paulo

Em cerimônia na Prefeitura, presidente destina R$ 3 bilhões para corredores de ônibus, R$ 2,2 bilhões para recuperar mananciais, R$ 1,5 bilhão para moradias e R$ 1,4 bilhão para drenagem; 'dia histórico', diz Haddad

SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou, no fim da manhã desta quarta-feira, 31, em cerimônia na Prefeitura de São Paulo, um pacote de investimentos de R$ 8,1 bilhões em obras de mobilidade, drenagem e recuperação dos mananciais na cidade de São Paulo. O investimento deverá viabilizar a construção de cerca de 99 quilômetros de corredores de ônibus - construir 160 quilômetros de vias exclusivas para o transporte coletivo foi uma das principais promessas do prefeito Fernando Haddad (PT) durante a campanha eleitoral.

Foram liberados R$ 3 bilhões para corredores de ônibus em avenidas das zonas leste e sul, R$ 2,2 bilhões para recuperação dos mananciais das represas Billings e Guarapiranga, na zona sul, R$ 1,5 bilhão para construção de moradias para 20 mil famílias que vivem perto das represas, e R$ 1,4 bilhão para a drenagem de córregos em vários bairros da capital.

Dilma afirmou que esses são "os primeiros R$ 8 bilhões" que São Paulo recebe. "Estamos investindo mais R$ 50 bilhões em todo o Brasil. E é justo que primeira cidade a receber os primeiros 8 (bilhões) - e estou fazendo uma promessa aqui - seja São Paulo. Porque aqui está concentrado o maior desafio do Brasil." Anteriormente, o governo havia investido R$ 89 bilhões no Brasil por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Desses, R$ 29 bilhões haviam ficado na capital paulista.

Corredores de ônibus nas zonas leste e sul da cidade vão receber R$ 3 bilhões. "Ao investir no transporte público você devolve o tempo às pessoas. E é no tempo que você vive. Tirar as pessoas do transporte e colocá-las no lazer, em suas casas, na faculdade é devolver vida para as pessoas. O governo está empenhado em investir em Metrô e corredor de ônibus", afirmou a presidente. Dilma lembrou que o governo federal também está investindo dinheiro em ao menos quatro linhas de Metrô: 5-Lilás, 15-Prata, 17-Ouro e 18-Bronze.

"Garantir transporte público é um dos eixos de garantir o combate à desigualdade social", afirmou. A presidente terminou seu discurso dizendo que, segundo Haddad, a ordem de início para algumas das obras que tiveram financiamento liberado nesta quarta será dada nos próximos dias.

Além do transporte, a área de drenagem receberá investimentos de R$ 1,4 bilhão. O dinheiro será empregado em obras de oito córregos: Morro do S, Paciência, Ribeirão Perus, Tremembé, Riacho do Ipiranga, Uberaba, Paraguai e Éguas. Segundo o ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro, o financiamento também deverá ser empregado para elaborar o projeto de drenagem do córrego do Anhangabaú, na região central.

Na recuperação dos mananciais das represas Billings e Guarapiranga, que abastecem com água potável boa parte da Região Metropolitana, o governo federal vai aplicar R$ 2,2 bilhões. Mais R$ 1,5 bilhão será utilizado para construir moradias, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, para 20 mil famílias que vivem em comunidades nas margens das represas. "Esse cuidado é essencial. Viabilizar moradia digna é elemento que distingue obras sustentáveis de não sustentáveis. Temos certeza que fazendo essas obras estaremos contribuindo para melhoria nas condições de vida da população", afirmou Dilma.

'Dia histórico'. O petista Haddad classificou o anúncio como um "dia histórico" para a cidade. "Fizemos nesses seis meses inúmeras parcerias com o governo do Estado e estamos anunciando aqui talvez o maior pacote de investimentos do governo federal numa única cidade", afirmou o prefeito. "Não lembro de ver um pacote de medidas tão amplo e que dialoga com todos os bairros da cidade como este."



Haddad negou que a vinda dos investimentos para São Paulo tenha sido facilitada por uma questão partidária. Segundo ele, desde o início da gestão, tem procurado acordos também com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com a iniciativa privada. "Nossa obsessão vai ser construir esse alinhamento estratégico (com o governo estadual e federal). Somos grandes demais para nos isolarmos. O grande equívoco do passado foi achar que nossa grandeza dava condições de isolamento." Haddad lembrou que São Paulo concentra 5% da população do Brasil e gera 12% de toda a riqueza nacional.

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