24/05/2013 -O Estado de SP
O aumento da passagem de ônibus de R$ 3 para R$ 3,20, divulgado anteontem, ficou bem abaixo da inflação (que foi de 14,4% desde o último aumento, em 2011) porque a Prefeitura pretende gastar R$ 1,25 bilhão do Orçamento da cidade no chamado subsídio do sistema. Diante disso, o Estado levantou, com a administração e com especialistas, razões para explicar por que o subsídio é tão caro.
1.Integração. A ideia do bilhete único é cobrar a mesma tarifa tanto para quem usa um só ônibus quanto para quem usa até três. Na prática, essa conta não fecha porque passageiros que fazem percursos maiores consomem mais combustível e tempo de serviço do motorista, por exemplo. "Se não fosse assim, as pessoas que moram mais longe – e são as menos favorecidas – pagariam mais”, diz a arquiteta Klara Kaiser Mori, especialista em planejamento de transportes da FAU-USP. Com quase 3 bilhões de viagens feitas por ano, em média, o dinheiro da venda de passagens não dá para bancar a integração.O subsídio completa a diferença.
2.Benefícios. As planilhas que a Prefeitura enviou ontem à Câmara Municipal para justificar o aumento da passagem mostram que o preço exato da passagem teria de ser de R$ 4,13. Mas não são todos os passageiros que pagam a tarifa. "Na conta, cada cem estudantes (que pagam meia) geram a mesma receita de 50 passageiros de tarifa cheia”, diz o diretor de Gestão Econômico-Financeira da SPTrans, Adauto Farias. O subsídio completa a passagem de quem recebe os benefícios – cerca de um terço do total de passageiros.
3.Equilíbrio.
Outro fator é a remuneração para os empresários de ônibus. Os recursos precisam tentar equilibrar as diferenças de dentro da cidade. "A tarifa única é uma média. Se fôssemos remunerar as empresas de forma igualitária, algumas regiões iriam à falência”, explica Farias. É que cada bairro tem suas características. Uns têm mais trânsito, outros têm menos passageiros, e o subsídio é usado para equilibrar as contas.
4.Desperdício.
O trânsito, por si só, faz todo mundo perder dinheiro. Estudo da Fundação Getúlio Vargas, divulgado na semana passada, mostrou que o custo é de R$ 40 bilhões por ano em São Paulo, entre combustível e tempo perdidos nas filas. Se circulassem em corredores exclusivos, sem interferências, os ônibus gastariam menos dinheiro porque o desperdício de insumos seria menor. E os custos para operar também.
5.Tempo.
Presos no trânsito, os ônibus deixam de ser atrativos. No ano passado, o sistema deixou de transportar 24 milhões de passageiros na comparação com 2011. Mas as empresas têm de manter o mesmo número de veículos circulando. Com menos bilhetes vendidos, o subsídio tem de ser maior para que as contas fechem.
COMPARAÇÃO
● Como ficaria o preço da passagem
Sem nenhum subsídio
R$ 4,13 (1)
Com desconto de impostos prometido pelo Governo
(sem subsídio)
R$ 3,91
Valor atual corrigido pela inflação
(com subsídio)
R$ 3,43
Valor corrigido pela inflação e descontos de impostos
(com subsídio)
R$ 3,25
Preço definido pela Prefeitura
(com subsídio)
R$ 3,20 (2)
Variação (1) – (2)
-22,5%
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