Prefeitura de Ribeirão Preto quer 14 km trilhos desativados

26/02/2012 - Jornal Cidade de Ribeirão Preto

Objetivo é construir um corredor de ônibus e conseguir verba para acabar com favela na região

Por Jucimara de Pauda

A prefeitura de Ribeirão Preto estuda a viabilidade de assumir 14 quilômetros de malha ferroviária que estão desativadas na cidade. Os estudos estão nas mãos do secretário de Governo Jamil Albuquerque.

Pela proposta, a administração municipal receberia o ramal desativado e cederia ao governo federal 7 km para criação de um traçado alternativo que passaria próximo ao Terminal de Petróleo, no Adelino Simione, no Distrito Industrial até chegar em Sertãozinho e que seria usado para o transporte de cargas.

"Caso a prefeitura assuma esta malha podemos estudar a possibilidade de termos um trem turístico ou até criar avenidas para desafogar o trânsito", diz o vereador Giló (PR), uma das pessoas que negocia com o Dnit - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - órgão do governo que é comando pelo PR.

Os trilhos estão desativados desde 1995 e o vereador relembra que na maioria dos locais o mato, entulho e o lixo tomaram conta da malha férrea. "Com a volta do trem, teremos o escoamento do produto interno do município", diz ele.

Segundo o vereador, nos estudos desenvolvidos pela prefeitura, a administração municipal também vai propor o recebimento de verbas para a retirada das famílias da favela da avenida Rio Pardo que tem 238 barracos e 1.188 pessoas, segundo balanço feito pela prefeitura de Ribeirão Preto em outubro de 2010.

"Se recebermos esta malha viária desativada também vamos exigir incentivos para tirar aquelas pessoas dali", diz o vereador. O secretário de Planejamento Fernando Piccolo diz que tem conhecimento do projeto e que tudo depende de acertos finais entre prefeitura, Dnit e FCA (Ferrovia Centro Atlântica). "Por enquanto é apenas um projeto", afirma.

O secretário Jamil Albuquerque não retornou às ligações da reportagem.

MPF quer estudos
Em janeiro, o procurador André Menezes, do Ministério Público Federal, se posicionou contra a doação para a prefeitura sem que estudos aprofundados sejam feitos sobre o assunto. O MPF tomou essa posição depois que recebeu denúncia que a prefeitura tinha projetos de fazer um corredor de ônibus nos trilhos desativados. Quem levantou a questão foi presidente do Instituto História do Trem, Denis Willian Esteves. Para o Ministério Público, o fim dos ramais impediria a criação de um museu ferroviário na cidade, uma luta antiga do Instituto História do Trem.

http://www.sinfer.org.br/site/ultimas_noticias.asp