04/10/2010 - Folha de S. Paulo
No Orçamento de R$ 34,6 bilhões de 2011, prefeito reserva R$ 2.000 para terminais e R$ 1 mi a corredores.
Maior parte da verba de investimentos vai para planos de monotrilhos; já a passagem de ônibus subiu acima da inflação.
JOSÉ BENEDITO DA SILVA DE SÃO PAULO
Embora a tarifa de ônibus tenha subido acima da inflação este ano -o que deve se repetir em 2011-, o usuário do serviço na cidade de São Paulo vê os investimentos da prefeitura no serviço avançar com um ímpeto bem menor.
No Orçamento para o próximo ano, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) colocou só valores simbólicos em algumas ações de melhoria da rede.
Mesmo com a perspectiva recorde de receita -R$ 34,6 bilhões, quase 20% a mais que este ano-, a implantação e a requalificação de terminais de ônibus urbanos, por exemplo, tiveram apenas R$ 2.000 garantidos em 2011.
Mesmo valor foi dispensado no Orçamento pela prefeitura ao Rodoanel e ao Metrô.
Investir em corredores de ônibus foi uma das principais promessas de Kassab na eleição de 2008. Incluídos no plano de metas da gestão -a chamada Agenda 2012-, a expectativa de construir 66 km de corredores virou pó.
Os três corredores prometidos pelo prefeito viraram monotrilhos -trens que circulam sobre elevados-, o que levou o secretário de Planejamento, Rubens Chammas, a rebatizar a ação.
"Se vai ser ônibus ou um transporte leve operado pelo metrô, é uma definição de modelo. Eu chamaria de corredor de transporte coletivo."
Para novos corredores, Kassab reservou R$ 1 milhão no Orçamento, mas o monotrilho da M'Boi Mirim (zona sul) ficou com R$ 30 milhões. O corredor da avenida Celso Garcia (leste), o maior entre os prometidos, espera dinheiro federal para se viabilizar como monotrilho. "A tendência é que vire metrô."
Já o corredor da Cidade Tiradentes (leste) será um prolongamento, como monotrilho, da linha 2-verde do metrô. Para isso há R$ 20 milhões no Orçamento, mas R$ 14 milhões virão da União.
Os maiores investimentos em ônibus devem ser a criação de terminais rodoviários (R$ 5,5 milhões) e abrigos de paradas de ônibus (R$ 4 milhões). Neste ano, no entanto, o governo havia previsto R$ 5 milhões para os terminais e não vai gastar nada.
SIMBÓLICOS
Segundo a SPTrans, algumas ações têm verba simbólica porque "podem estar em fase de projeto ou estudos e não necessitam de orçamento financeiro no momento".
Diz, ainda, que parte do valor orçado este ano para o setor deixou de ser investido por conta da suspensão pelo Tribunal de Contas do Município da licitação para o corredor da avenida Inajar de Souza (zona norte). Afirmou, ainda, que a licitação para requalificação do corredor Rebouças está sendo concluída.
MONOTRILHOS
Para José Alex Sant'Anna, doutor em engenharia dos transportes, não é boa política trocar corredores por monotrilhos. "Nos monotrilhos cabem mais gente, mas a capacidade de transporte dos corredores é maior. Você pode fazer uma fila de ônibus no corredor e não pode fazer isso com o monotrilho."
Ele afirma que pôr valores simbólicos no Orçamento é prática comum. "Cria-se uma rubrica, coloca um valor simbólico e deixa para ver o que acontece, quem vai ganhar a eleição. Depois, se ajusta."
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