O GIGANTE DAS RUAS REPAGINADO

31/03/2010 - Revista Autobus
Uma nova versão do ônibus biarticulado, denominada TopBus PB (piso baixo), foi apresentada em São Paulo trazendo a inovação do piso baixo integral e um design remodelado.
Seu comprimento impressiona a quem se depara com ele pela paisagem urbana da capital paulista. Desenvolvido especialmente para rodar em corredores exclusivos, do tipo BRT, com o intuito de transportar um número maior de passageiros em apenas um veículo e na mesma viagem, o biarticulado paulistano, conhecido como Top Bus e produzido pela encarroçadora paulista Caio Induscar, adquiriu uma nova concepção em estética externa e na configuração interna a partir deste ano. 
Os novos veículos (num total de 110) foram adquiridos pelo Grupo Ruas, um dos maiores operadores do transporte paulistano e que também é proprietário da marca Caio Induscar, para serem utilizados pelas empresas Viação Campo Belo, Cidade Dutra, Viasul e VIP. Eles ganharão as avenidas que ligam o centro à zona sul da cidade e também pelo sistema segregado Expresso Tiradentes. Essas operadoras transportam em média 90 milhões de pessoas por mês.
 
 O diretor da Vocal São Paulo Claudio Zattar entrega simbolicamente
 os biarticulados para o presidente do Grupo Ruas, José Ruas.
Os engenheiros da Caio promoveram um novo padrão estético em seu visual, além de um rearranjo na configuração interna, face à sua total acessibilidade, pois o chassi que equipa o modelo tem piso baixo em toda a sua extensão. Externamente, o que chama a atenção é a sua área do teto do primeiro módulo da carroçaria. É lá que está instalado o sistema de refrigeração do chassi, por isso ele ganhou uma carenagem em formato curvo, com um desenho que faz lembrar um grande topete. Há também que destacar o pára-brisa único em formato curvo, herança do tradicional Top Bus, que proporciona maior visão ao condutor. Ele ainda está mais curto, 50cm menor que seu antecessor, possuindo agora 26,50m de comprimento.
“O novo veículo é uma evolução da carroçaria existente e está bem mais simpático ao meio urbano”, disse Mauricio Lourenço da Cunha, diretor industrial da Caio.
Os passageiros contam com 7 portas para embarque e o desembarque e agora o motorista também possui uma exclusiva. Este, por sinal, tem seu posto localizado no centro, o que facilita o controle e a visibilidade da operação.  
Já a estrutura da carroçaria recebeu reforço, sendo projetada com tubos especiais para conferir maior resistência ao conjunto.
Chassi B9Salf
E o novo ônibus também incorpora outra novidade, que é o chassi B9Salf (Side Articulated Low Floor ou Articulado Piso Baixo com motor de Lado) lançado em 2009 pela Volvo do Brasil com o conceito de piso baixo integral nas versões articulada e bi articulada. Ele é caracterizado pela acessibilidade completa em um veículo do padrão articulado com até 20m de comprimento (ainda uma dimensão única no Brasil para a versão com 3 eixos) ou biarticulado e com o motor localizado atrás do eixo dianteiro, em posição vertical na esquerda, uma inovação em termos de ônibus urbanos em nosso país. “Nosso reconhecimento mundial como uma marca que valoriza e se dispõe a desenvolver sistemas planejados e organizados em ônibus nos faz apresentar soluções diferenciais em termos de veículos, como é o caso desta nova versão do B9Salf”, revelou Per Gabell, presidente da Volvo Bus Latin America.
 
 Interior do novo ônibus permite total acessibilidade.

A instalação de um propulsor vertical à esquerda no entre eixos do primeiro módulo do chassi garante, segundo a Volvo, a melhora da distribuição de peso, possibilitando um veículo mais longo sem ultrapassar as capacidades técnicas e legais e com menor custo por passageiro transportado. 
Com o motor diesel B9B (360cv) ocupando um espaço interno conhecido por todos os envolvidos com o projeto como “churrasqueira” e pensado para que os gases de emissão e o calor surtam o efeito de subir, essa configuração dispôs o sistema de refrigeração instalado no teto, mais precisamente no chapéu dianteiro, promovendo uma maior eficiência térmica, com o ar externo chegando mais limpo ao radiador, longe das sujeiras do chão. 
Um aspecto fundamental para se operar o novo chassi diz respeito à sua condução, quando a segurança vem em primeiro lugar no transporte de passageiros. “Por se tratar de um chassi diferenciado que pode transportar até 260 pessoas, nossos clientes recebem por parte de nossos instrutores de fábrica um treinamento de condução segura. Embora este modelo esteja equipado com o que de mais moderno possa existir no mercado nesses termos, a falta de conhecimento do operador anularia grande parte desta segurança embarcada se não houver uma boa instrução técnica”, enfatizou Euclides de Castro, Gerente Comercial de Ônibus Urbanos América Latina.
 
 A nova geração de biarticulados rodará também pelo Expresso Tiradentes
 Fotos- GWA Comunicação Integrada

Outro diferencial dos novos chassis é que eles seguem a expressão “Puller”, que significa puxar, no qual o primeiro módulo traciona os demais. Fábio Lorençon, da Engenharia de Vendas da Volvo Bus Latin America, explica que as vantagens são muitas ao se utilizar esse conceito em veículos com articulação. “Nossos chassis não necessitam do controle eletrônico da rótula para que não ocorra o efeito “L” ou canivete, provocando maior estabilidade ao veículo e conseqüentemente menor custo operacional”, revelou ele. Além disso, os veículos possuem a nova suspensão eletrônica de série, com vantagens na estabilidade e segurança, promovendo ainda embarques e desembarques facilitados e rápidos por meio das funções de rebaixamento e levantamento do quadro ou de “ajoelhamento” de uma das laterais. A altura normal do piso do salão de passageiros é de 370 mm em relação ao solo, mas com o acionamento do sistema de rebaixamento consegue-se a distância de 300 mm.
Essa é a maior venda individual de chassis biarticulados no mundo. Para a Volvo, o investimento do Grupo Ruas em modelos de ônibus maiores se justifica pelos principais atributos encontrados em seus chassis, que são a maior capacidade de transporte, menos emissões de gases, custo menor por passageiro transportado e atendimento da demanda de forma mais equilibrada.
De acordo com informações, a montadora prevê atrair novos clientes paulistanos com o B9Salf. Para isso está em negociações com outras transportadoras, sem ainda uma definição com quem ou quantos veículos poderão ser adquiridos.
Além das fronteiras brasileiras
 
 Parceria entre a Caio e a Volvo para o mercado mexicano
 Foto - Portal Automotriz/México
A Caio ainda revelou que está se posicionando para atender com maior volume o mercado externo. É o caso da parceria firmada recentemente com a Volvo, onde irá explorar o segmento mexicano de ônibus urbanos. Ela disponibilizará os modelos Millennium e Mondego (com 12m de comprimento) para serem encarroçados com os chassis Volvo (baseados no modelo B7R, com motor diesel de 7 litros, 290cv de potência e Euro 4) construídos nas versões de piso normal (ProCity) e baixo (Access) na planta de Tultitlán, Estado de México. As carroçarias serão enviadas em CKD para serem montadas na mesma unidade fabril da montadora. No modelo Access a altura do piso do salão ficará a 38cm em relação ao pavimento de rodagem, o que reduz em até 70% o tempo de acesso e desembarque de passageiros. Além disso, o modelo conta com espaço para cadeira de rodas, rampa e também com sistema de rebaixamento da suspensão, que é pneumática. De acordo com a Caio, ela projeta o envio de 150 unidades de seus modelos em 2010 e outras 250 em 2011. As duas novidades foram apresentadas na ExpoForo 2010, feira mexicana de ônibus realizada no mês de março.
De geração em geração
Esta é a quarta geração do biarticulado produzido pela Caio. A primeira foi apresentada no final dos anos de 1990 com um visual bem peculiar, caracterizado por traços diferenciados e elementos adicionais, como câmeras de monitoramento de embarques e desembarques e para manobras. Tempos depois (em 2004) a encarroçadora desenvolveu a atual versão Top Bus para São Paulo com um padrão moderno e que o caracterizou como o maior ônibus urbano do mundo com seus 27m de comprimento, dois a mais que o modelo inicial. Para Curitiba, a marca aproveitou a plataforma existente do modelo Millennium II e o adaptou de acordo com as solicitações da capital paranaense. Todos os modelos foram desenvolvidos sobre os chassis da Volvo, única no Brasil a produzir essa configuração para o transporte urbano.
 
 Primeiro veículo configurado para transportar mais passageiros
 Foto - arquivo VolvoBus

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